A batalha judicial entre a Amazon e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) chegou a uma decisão importante no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), com a plataforma de e-commerce obtendo uma vitória significativa. A decisão impede que a Anatel bloqueie o domínio da Amazon no Brasil, após a agência tentar aplicar sanções devido à venda de celulares não homologados no país.
A disputa teve início em 2024, quando a Anatel determinou que marketplaces como a Amazon se responsabilizassem pela venda de produtos, incluindo a certificação de celulares vendidos em suas plataformas. A medida também exigia a inclusão do código de homologação nos anúncios, além de um campo de validação para garantir que os produtos estavam de acordo com a legislação brasileira.
A Amazon, entretanto, defendeu sua posição como plataforma de marketplace, argumentando que não deveria ser responsabilizada pelas transações de terceiros, ou seja, pelos vendedores que utilizam sua plataforma para vender produtos. A decisão do TRF3, que veio em 5 de junho de 2025, foi um marco importante nesse processo, deixando claro que a Anatel não tem competência para multar ou bloquear sites de e-commerce.
Em 2024, a Anatel publicou o Despacho Decisório 5.657/2024/ORCN/SOR, que determinava que empresas de e-commerce, como a Amazon, adicionassem um campo para o código de homologação da Anatel nas descrições de celulares, além de impedir o cadastro de aparelhos não homologados. Caso os produtos não estivessem em conformidade, a plataforma deveria remover os anúncios, o que afetava diretamente a Amazon, já que muitos vendedores listavam celulares não homologados.
Esse despacho gerou uma série de desdobramentos legais e judiciais. A Anatel argumentava que as plataformas de marketplace estavam se beneficiando da venda desses produtos irregulares e, portanto, deveriam ser responsabilizadas. Por sua vez, a Amazon alegou que agia apenas como intermediária, não sendo responsável pelas ações dos vendedores.
Com a decisão do TRF3, a Amazon obteve a confirmação de que a Anatel não pode aplicar sanções sem uma ordem judicial específica, reafirmando a posição de que marketplaces não são responsáveis diretamente pelas transações de seus vendedores.
A vitória da Amazon tem implicações significativas para o mercado de e-commerce no Brasil. Primeiramente, ela estabelece um precedente importante sobre a responsabilidade das plataformas em relação às ações de seus vendedores. A decisão reforça o entendimento de que os marketplaces não podem ser penalizados por produtos vendidos por terceiros, desde que cumpram com as regulamentações gerais e cooperem com as autoridades para coibir a venda de produtos irregulares.
Além disso, a decisão impacta diretamente as estratégias da Anatel e de outras agências de fiscalização. Embora a agência ainda tenha o poder de regular e certificar produtos como celulares e outros dispositivos, não poderá mais agir de forma unilateral e sem a devida autorização judicial para impedir o funcionamento de grandes plataformas como a Amazon.
Com a decisão favorável, a Amazon segue operando sem risco de bloqueio de seu site e continuando a apoiar mais de 100 mil vendedores brasileiros em sua plataforma. A empresa se comprometeu a colaborar com as autoridades brasileiras para garantir a conformidade de seus vendedores com a legislação local, especialmente no que diz respeito à venda de produtos irregulares.
No entanto, a disputa também destaca a necessidade de uma regulação mais clara para o setor de e-commerce. As autoridades brasileiras terão que encontrar um equilíbrio entre a fiscalização de produtos e a liberdade das plataformas de operar como intermediárias entre vendedores e consumidores. Além disso, a Amazon continuará sua expansão e promoção de iniciativas, como a Semana do Consumidor, e trabalhando para manter um mercado mais competitivo e seguro para todos os envolvidos.
A decisão do TRF3 fortalece a posição da Amazon como uma das principais players de e-commerce no Brasil, garantindo que o site da empresa continue operando sem restrições. Para outros marketplaces, o veredito representa um marco importante na defesa de seus direitos como plataformas intermediárias, além de reforçar a necessidade de uma regulamentação mais ajustada à realidade do comércio eletrônico.
A batalha judicial entre a Amazon e a Anatel traz lições valiosas sobre as responsabilidades dos marketplaces e o impacto das ações regulatórias em um mercado em constante evolução. A decisão também levanta questões sobre como as autoridades irão lidar com a venda de produtos irregulares e como as plataformas podem colaborar com as leis sem comprometer suas operações.