27 de maio de 2025
Recentemente, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) realizou uma megaoperação de fiscalização nos centros logísticos de grandes marketplaces como Amazon, Mercado Livre e Shopee. A operação, que apreendeu mais de 1,5 mil produtos em diversos armazéns, gerou grande repercussão e levantou debates sobre o controle de produtos eletrônicos nos canais de e-commerce.
Segundo informações divulgadas pela Anatel e veículos de imprensa, a operação teve como objetivo garantir que os produtos comercializados por meio de marketplaces estivessem em conformidade com as normas de segurança e regulamentação do mercado. A apreensão de eletrônicos sem homologação ou de origem duvidosa gerou um alerta sobre a responsabilidade dos marketplaces e de como a fiscalização desses produtos é realizada dentro de seus centros logísticos.
Nos centros logísticos da Amazon, Mercado Livre e Shopee, a Anatel apreendeu itens como celulares, fones de ouvido e outros dispositivos eletrônicos que não tinham a homologação necessária para a venda no Brasil. A operação gerou discussões sobre a responsabilidade das plataformas, especialmente em relação à comercialização de produtos oriundos de canais não fiscalizados, como os produtos paralelos do Mercado Cinza.
O ponto central desse debate gira em torno da responsabilidade dos marketplaces na fiscalização e conformidade dos produtos vendidos em suas plataformas. A grande questão é: quem deve fiscalizar os produtos? A Anatel, os próprios marketplaces ou os consumidores e marcas?
Alexandre Nogueira, fundador da Universidade Marketplaces, comenta que os marketplaces não têm poder fiscalizatório sobre os produtos que entram em seus CDs (Centros de Distribuição). Na sua opinião, a responsabilidade recai sobre as marcas e a indústria em garantir a origem e a conformidade de seus produtos. Ele também reforça que os marketplaces, como o Mercado Livre, já abrem suas portas para inspeções, permitindo a retirada de itens irregulares quando necessário, como foi o caso da Xiaomi, que passou por uma ação semelhante no passado.
Na visão de Nogueira, o governo é quem realmente tem a responsabilidade de fiscalizar e combater a venda de produtos irregulares. O mercado paralelo e a venda de produtos de origem duvidosa são problemas que envolvem falta de interesse da indústria em regularizar o processo. O especialista também menciona que ações mais eficazes já são vistas em outros setores, como a indústria farmacêutica e de cosméticos, onde o Ministério Público atua diretamente em parcerias com as marcas para impedir a venda de falsificações.
Essa operação da Anatel traz à tona uma série de questões sobre o controle de produtos e a segurança nas compras online. Com mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos gerados pelos marketplaces no Brasil, a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a fiscalização rigorosa e a liberdade para os vendedores é urgente. Marketplaces como o Mercado Livre já demonstraram compromisso em colaborar com as autoridades, permitindo inspeções de seus CDs e garantindo que produtos irregulares sejam removidos.
A verdade é que a responsabilidade pela fiscalização de produtos no e-commerce brasileiro não pode recair exclusivamente sobre os marketplaces. Embora plataformas como Amazon, Mercado Livre e Shopee desempenhem um papel importante em garantir a segurança das transações e a entrega dos produtos, quem deve fiscalizar ativamente é o governo e as próprias indústrias.
Como destaca Alexandre Nogueira, o Marketplace pode ser visto como um facilitador, mas quem deve se envolver diretamente no controle de qualidade e homologação dos produtos são as marcas e as autoridades regulatórias. Os marketplaces devem apenas garantir a transparência, permitindo a fiscalização e removendo produtos não conformes sempre que necessário. Todos os envolvidos, desde os vendedores até as autoridades reguladoras, têm um papel crucial nesse processo. E, enquanto o governo não se torna mais eficaz em sua atuação, as plataformas precisam seguir colaborando para garantir um ambiente de compras mais seguro e confiável para todos.
Referências: